Entrevista: João Pimentel – Presidente do IPQ Instituto Português da Qualidade

João Pimentel
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Entrevista: João Pimentel – Presidente do IPQ Instituto Português da Qualidade

“No contexto da qualidade, o DISC pode ser uma ferramenta essencial para otimizar processos e melhorar a interação entre os colaboradores.

A DISC Talent Solutions entrevistou o Dr. João Pimentel, Presidente do IPQ. O reputado instituto introduziu a metodologia DISC nos programas in company de liderança e trabalho em equipa.

Conheça o seu testemunho!

1. A comunicação entre colaboradores é essencial, especialmente no contexto atual. Como acredita que a metodologia DISC pode ajudar as organizações públicas neste tema?

A metodologia DISC é uma ferramenta valiosa e poderosa enquanto ferramenta de gestão, em concreto na vertente do capital humano, dado que ajuda a compreender muito melhor os diferentes perfis comportamentais e a adaptar a abordagem e a linguagem conforme cada estilo.

Seja no setor publico, ou no privado, onde os desafios do relacionamento interpessoal e da gestão dos recursos humanos não tem assimetrias substantivas, a disrupção que o DISC introduz no pensamento e no comportamento, favorece, através da melhoria do pilar comunicação, o desenvolvimento das lideranças, a melhoria do trabalho em equipa, a redução de conflitos e uma maior satisfação dos trabalhadores, com impacto no desempenho e produtividade.

2. O IPQ dinamizou um programa com base no Disc que envolveu os seus dirigentes. Em que medida foi relevante para os líderes da instituição este programa? 

O DISC revelou-se fundamental uma vez que permitiu às lideranças compreenderem-se melhor, capacitando-as para uma gestão do “eu” mais eficaz e para uma comunicação mais assertiva.

A ferramenta é essencial para o autoconhecimento, permitindo que cada dirigente avalie e identifique o seu próprio perfil comportamental, compreenda os seus pontos fortes e áreas de melhoria, e ajuste o seu estilo de liderança. Favorece por isso a gestão personalizada da equipa, pois a perceção clara do perfil de cada colaborador, estimula uma nova abordagem de relação, centrada na pessoa.

No prisma dos resultados, a melhoria da comunicação interna é porventura o valor mais significativo, porquanto ao entender como os diferentes perfis processam as informações e tomam decisões, é possível ajustar a forma de comunicar, interagir e gerir mais eficazmente, promovendo um ambiente de trabalho mais equilibrado e mais saudável.

3. Tendo em atenção a sua experiência nestes temas, qual o impacto que estes programas tiveram em si? Como podem conectar com o tema da qualidade?

A formação nas áreas comportamentais como a capacitação em DISC, demonstra que para além das competências técnicas especializadas, o desenvolvimento das softskills  é determinante para influenciar a produtividade e o clima organizacional. No contexto da qualidade, o DISC pode ser uma ferramenta essencial para otimizar processos e melhorar a interação entre os colaboradores, sendo muito relevante na referência à gestão dos vários perfis, atender que: Perfil Dominante (D) → Focado em resultados, pode impulsionar melhorias rápidas na qualidade. Perfil Influente (I) → Comunicação eficaz e motivação das equipas são fundamentais para manter o envolvimento na cultura da qualidade. Perfil Serenol (S) → Garante consistência e adesão aos procedimentos de qualidade, promovendo um ambiente harmonioso e colaborativo. Perfil Cumpridor (C) → Essencial para garantir que normas e padrões de qualidade sejam rigorosamente seguidos.

Ao aplicar o DISC, é possível personalizar abordagens de gestão da qualidade, melhorando o desempenho das equipas e garantindo que cada colaborador contribua de forma alinhada com seus pontos fortes.          

4. Na sua opinião, quais são os maiores desafios que a qualidade enfrenta no panorama nacional? O IPQ tem alguma estratégia definida nesse sentido?

O primeiro desafio centra-se, desde logo, na definição e perceção da Qualidade como conceito. Tendemos a ver a qualidade como um conceito absoluto. No entanto, a Qualidade de que falamos pretende ser mensurável e capaz de responder de forma progressiva, holística e incremental às expectativas da diversidade dos clientes e às necessidades da sociedade.

Isso pressupõe amplos consensos sobre os requisitos que a caracterizam; mecanismos sofisticados e tecnicamente sustentados para avaliar como esses requisitos foram adequadamente atingidos; e, finalmente, sistemas de medição fiáveis, seguros e rigorosos para suportar e garantir a indispensável confiança e aceitação dos resultados – talvez o principal deliverable da Qualidade.

Ao promover um ambiente regulatório baseado na qualidade e nas suas metodologias e ferramentas, é possível reduzir a intervenção direta do Estado e a burocracia, sem perda de exigência e, ao mesmo tempo, promover a eficiência económica e a inovação, através do incentivo à melhoria contínua e robustez de processos e produtos, com os inevitáveis e positivos reflexos na diminuição do desperdício e na competitividade, contribuindo, ao mesmo tempo, para a redução da burocracia associada à fiscalização e à regulamentação.

Deste breve enquadramento resulta que o primeiro e, talvez, o mais estruturante desafio que identificamos tem natureza institucional e dirige-se, antes de mais, aos Governos, os quais, através de políticas favoráveis, poderão incentivar a inovação, criando um ambiente regulatório que valorize a qualidade e as suas ferramentas e metodologias. Isso constituirá um estímulo para as empresas desenvolverem novas tecnologias e processos dentro de padrões específicos de segurança, eficácia e desempenho, contribuindo para a diferenciação e aceitação dos seus produtos e serviços nos mercados mundiais e também para o seu sucesso.

A acreditação de entidades, através do reconhecimento da competência técnica para a realização das atividades de avaliação da conformidade, que proporciona, orientada pelos princípios da independência e imparcialidade e suportada na normalização e nos documentos normativos que refletem o estado da arte mais atual e na qualidade e rigor das medições proporcionadas pela metrologia, constituem-se pilares fundamentais da Qualidade. 

Esta abordagem, que se apoia na relevância dos mecanismos de avaliação da conformidade e no papel da acreditação enquanto um inestimável instrumento de apoio às políticas públicas e aos governos e topo da cadeia de reconhecimento de competências e avaliação da conformidade, desconstrói e concretiza de forma clara e favorável o conceito de “menos Estado, melhor Estado“.

O segundo desafio relaciona-se com a capacitação e a formação. A ideia central é que, para utilizar e entender a linguagem e os conceitos da Qualidade, é necessário trabalhar profunda e amplamente a “Literacia da Qualidade”, investindo na qualificação e na formação das pessoas, para que seja possível compreender amplamente a linguagem, as metodologias e as ferramentas da Qualidade e reconhecer as vantagens da sua opção pelas organizações, sejam elas públicas ou privadas.

Este desafio responsabiliza, naturalmente, o IPQ, mas também os agentes económicos e as respetivas entidades representativas, a generalidade dos organismos da administração pública e os governos:

Investir na Literacia da Qualidade, é, assim, essencial para que todos os envolvidos e interessados possam utilizar de modo eficaz e eficiente os conceitos e as ferramentas da Qualidade, resultando em melhores processos, melhores produtos e serviços, fomentando a competitividade e a sustentabilidade das organizações e do país como um todo.

As prioridades definidas pelo IPQ, neste âmbito, privilegiam o alinhamento com a Agenda Estratégica para a Qualidade 2030, elaborada no Fórum da Qualidade, documento que constitui uma milestone significativa na reflexão sobre o conceito de Qualidade em Portugal. Assim, estas prioridades baseiam-se numa visão que enfatiza a inclusividade e a participação ativa das organizações e da sociedade no fortalecimento e na abrangência do SPQ, além de apostar na inovação e na promoção da Qualidade e da Excelência como instrumentos essenciais para o desenvolvimento do Ecossistema da Qualidade português.

A Agenda Estratégica para a Qualidade, enquanto documento estratégico, procura refletir de forma dinâmica e prospetiva uma abordagem abrangente e inclusiva que considere as várias dimensões da Qualidade, procurando evidenciar a relevância do papel da infraestrutura nacional e das novas arquiteturas para a Qualidade na capacitação das empresas, do Estado e da sociedade portuguesa em geral.

Estamos convictos de que podemos contribuir para melhorar as políticas nacionais neste domínio, e reconhecemos a importância de reforçar a cooperação e as parcerias institucionais, partindo do pressuposto de que a Qualidade é uma dimensão transversal a todos os setores da sociedade. Efetivamente, com um maior alinhamento dos diferentes atores nacionais e internacionais, é possível obter ganhos substanciais em matéria de eficácia e eficiência, para além de criar mais e melhores oportunidades para Homens e Mulheres em todos os grupos sociais.

A Qualidade, como eixo diferenciador, deve basear-se nas melhores práticas e promover uma relação mais equilibrada entre valor económico e distribuição dentro das empresas e nas formas de trabalho. Isso deve refletir-se em desenvolvimento sustentado, mais inovação e valor, maior prosperidade e crescimento ambientalmente sustentável, que sejam percecionáveis e que a sociedade deles possa beneficiar.  

5. O IPQ tem desenvolvido na sua gestão um caminho de maior notoriedade. Enquanto Presidente, quais têm sido as estratégias para incentivar a inovação e o desempenho das equipas? Como mede o impacto dessas estratégias nos resultados?

O atual Conselho Diretivo tem-se empenhado fortemente em promover um ambiente criativo, colaborativo e de alto desempenho e rendimento, com estímulo à criação de uma cultura de inovação, onde novas ideias, novos projetos e novas iniciativas são reconhecidas e incentivadas. Globalmente;

1 Reforçámos o investimento, o desenvolvimento de novas competências e de novas capacidades.
. Criámos um ambiente que incentiva a criatividade e a experimentação, através de iniciativas como grupos de trabalho interdisciplinares e programas de capacitação contínua.
. Reforçamos as parceiras e as colaborações com associações, universidades, centros de investigação e empresas, promovendo sinergias que impulsionam a inovação e trazem novas perspetivas ao IPQ.
. Incentivamos a participação ativa dos colaboradores na definição de estratégias e objetivos institucionais.
. Apostámos na digitalização dos serviços e na automação de processos para aumentar a eficiência e permitir que as equipas se concentrem em tarefas de maior valor acrescentado.

A conjugação de um conjunto de ações que consagrámos nos nossos planos de atividades tem permitido ao IPQ consolidar a sua posição como referência nacional e também internacional na área da metrologia e da normalização, e renovar e reforçar a ambição e o compromisso com a “Qualidade Portugal”, enquanto motor de transformação e afirmação da nossa economia e sociedade.

Em parceria com Disc Talent Solutions (www.disc.pt)